Ele se formou em engenharia, mas nunca quis ser engenheiro. Conheça a história de Breno.
Deborah Palma e Luciana Buck
Em uma tarde no Rio de Janeiro, nasceu um garoto chamado Breno que descobriu a sua paixão desde cedo: a música. Aos 12 anos, ele já dominava instrumentos como piano, bateria e violão, gravando vídeos em sua própria casa, compartilhando no YouTube. Essas gravações, embora simples, foram seu primeiro contato com a criação de conteúdo digital.
Aos 13 anos, o seu pai faleceu em um acidente de carro e a sua vida mudou drasticamente. Como herança, recebeu R$ 70 mil, quantia que só poderia acessar aos 18 anos. Esse dinheiro, aplicado na poupança, se transformou em quase R$ 90 mil ao longo dos anos.
Breno seguiu o caminho tradicional após a conclusão do ensino médio e ingressou na faculdade de medicina, planejando usar a herança para abrir seu próprio consultório. Porém, uma disciplina chamada “Saúde da Família”, que o levou a comunidades carentes, despertou nele uma inquietação sobre a falta de educação financeira e suas consequências.
A partir desse momento, Breno ficou motivado a entender melhor sobre finanças, mergulhando em canais do Youtube de influenciadores como Nathalia Arcuri, Thiago Nigro e Bruno Perini. Essa busca por conhecimento o levou a trocar medicina por engenharia de produção na UFRJ. Na universidade, participou de projetos que simulavam a gestão de empresas, despertando seu interesse por negócios e empreendedorismo.
Breno Perrucho percebeu a carência de conhecimento financeiro entre seus colegas e decidiu criar um canal no YouTube para compartilhar informações sobre finanças, investimentos e empreendedorismo de forma acessível e com uma linguagem simples. Assim nasceu o seu canal “Jovens de Negócios“, gravado inicialmente em seu quarto na Tijuca, onde cresceu rapidamente, ultrapassando 2 milhões de inscritos.
O sucesso de Breno chamou a atenção de Thiago Nigro, do canal “O Primo Rico“, que adquiriu 20% da empresa por R$ 1 milhão. Com o tempo, o “Jovens de Negócios” expandiu-se, criando marcas de produção audiovisual (Kraüss Studios), portal de notícias financeiras (The Compass) e marca de roupas (Vila Mônaco).
Além do canal, Breno lançou cursos como a “Escola de Dinheiro” e o livro “O que o ensino não te ensina“, incluindo temas que vão além do currículo escolar tradicional.
Em 2023, a empresa lançou uma plataforma de educação financeira voltada para escolas privadas, possibilitando um maior conhecimento financeiro para os jovens de todo o Brasil.
Breno Perrucho é um exemplo da Geração Z (1995 a 2010), que cresceu imersa em tecnologia e conectividade. Ele decidiu gerar impacto para a sociedade a partir de sua habilidade em comunicação.
A Geração Z é caracterizada por sua fluência digital, capacidade multitarefa, valorização da diversidade, inclusão e consciência social. Além disso, valorizam a autenticidade e a transparência de empresas e lideranças. Isso porque eles querem ser representados, compreendidos e, mais do que tudo, ouvidos.
Características da Geração Z:
- Alto senso de propósito e responsabilidade social: Eles esperam que empresas e instituições contribuam para causas sociais, ambientais e políticas. É uma geração engajada, mas ao mesmo tempo não pesquisa antes de confiar e nem questiona antes de aceitar.
- Abertura à diversidade e inclusão: A pluralidade é a norma. Diferenças de gênero, raça, religião e orientação sexual são vistas com naturalidade.
- Busca por equilíbrio e bem-estar: Embora ambiciosos, eles colocam sua saúde mental e qualidade de vida no centro de suas decisões. A ideia de “trabalhar enquanto eles dormem” não os seduz. Eles buscam flexibilidade, ambientes empáticos e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
- Educação autodirigida: Por crescerem com o YouTube, redes sociais e fóruns online, essa geração obteve o acesso a informações de forma mais fácil, visto que antes a pesquisa era mais restrita, restringindo-se aos livros, enciclopédias e bibliotecas. Por isso, costumam preferir métodos de ensino personalizados, práticos e digitais, rejeitando modelos engessados ou obsoletos.
- Inquietação empreendedora: Não veem no emprego tradicional o caminho ideal. Sonham em empreender, monetizar seus talentos e encontrar caminhos alternativos de construção de carreira. Eles crescem vendo influenciadores, startups e criadores de conteúdo como referências tanto quanto professores ou CEOs.
- Imediatistas: Acostumados com a velocidade da tecnologia, apresentam pouca tolerância ao tempo de espera que muitas atividades da vida demandam. Isso se traduz também no ambiente de trabalho, onde esperam promoções, elogios e aumento de salário em um tempo desconectado da realidade das empresas.