COMO APRENDEMOS?
Aprendi a andar de bicicleta com 8 (oito) ou 9 (nove) anos, a dirigir um carro com 16 (dezesseis) e um caminhão e uma empilhadeira com 22 (vinte e dois) anos. Para mim é difícil lembrar exatamente o que aconteceu nesses dias, como foi o passo-a-passo, mas por algum motivo tenho bem forte na memória o sentimento de conquista e a alegria que foi para mim, ter aprendido a dominar cada um desses meios de transporte.
A maioria das coisas que aprendemos seguiram um dos dois caminhos: Necessidade ou Vontade. O aprendizado por necessidade é aquele que temos que ter, por exemplo, para passar de ano na escola (eu tive que aprender matemática, apesar de nunca ter gostado muito). Já o por Vontade diz respeito aquele aprendizado o qual procuro por vontade própria, de forma empírica ou não, o aprendizado (eu quis aprender a dirigir um carro). Em ambos os casos utilizamos um sistema de captação de conteúdos similar, mas que parece funcionar de forma diferente para cada tipo.
Para que você entenda melhor este processo de aprendizado, vou te apresentar dois estudos que ajudam nesta definição sobre o processo de aprendizado.
• O primeiro foi realizado pelo pesquisador norte-americano William Edward “Ned” Herrmann, que em 1978 validou a sua metodologia e estudos sobre o cérebro lançando o “Herrmann Brain Dominance Instrument (HBDI)” no qual definia que o comportamento humano era influenciado por uma das 4 partes do nosso cérebro (superior esquerdo, superior direito, inferior esquerdo e inferior direito). Segundo Herrmann à medida que um dos lados se torna mais dominante, este pode acabar por influenciar nossas atitudes.
Exemplo:
o Superior esquerdo: São lógicos, críticos, técnicos e quantitativos. Adoram analisar dados, entender como as coisas funcionam, julgar e ter raciocínio lógico. São vistos como críticos.
o Inferior esquerdo: São práticos, gostam de segurança, são estruturados, organizados e costumam planejar bem as coisas. Adoram seguir orientações e procedimentos, solução de problemas passo-a-passo, organização e implementação. São vistos como controladores.
o Inferior direito: São emocionais, movidos a sensações e sentimentais. Destacam-se por serem bons ouvintes e venderem bem suas ideias. Buscam significado pessoal, interação grupal e são conduzidos por emoções e sentimentos. São vistos como relacionais.
o Superior direito: São visuais, holísticos e inovadores. Em suas atividades gostam de ver o todo, tomar iniciativa, desafiar premissas, e ter soluções criativas para os problemas.
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• O segundo foi apresentado no início dos anos 80 pelo psicólogo e neurocientista Howard Gardner. Questionando, em parte, algumas das premissas da teoria do Quociente de Inteligência
(QI), que de forma resumida utilizava apenas elementos lógico-matemáticos para comparar as pessoas e dizer quem tinha mais ou menos chances de ter sucesso, Gardner demonstrou em seus estudos que os seres humanos possuem Múltiplas Inteligências e que estas, de diversas formas, podem determinar o sucesso das pessoas quando alinhadas a sua atividade laboral principal. As inteligências identificadas por Gardner são:
o Lógico-matemática: Capacidade de realizar operações numéricas e de fazer deduções.
o Linguística: Habilidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita para atingir objetivos.
o Espacial: Capacidade de reconhecer e manipular situações que envolvam apreensões visuais.
o Físico-cinestésica: Potencial para usar o corpo com o fim de resolver problemas ou fabricar produtos.
o Interpessoal: Capacidade de entender as intenções e os desejos dos outros e consequentemente de se relacionar bem em sociedade.
o Intrapessoal: Autoconhecimento desenvolvido e capacidade de usar o entendimento de si mesmo para alcançar certos fins.
o Musical: Aptidão para tocar, apreciar e compor padrões musicais.
Pegando como base estes dois estudos científicos, teremos o processo de aprendizagem efetivo definido mais ou menos da seguinte forma: Se você adora tocar violão e tem facilidade
para aprender e de pegar letras sem nem mesmo ler as partituras, provavelmente você tem sua inteligência musical bem desenvolvida. Se você ainda por cima tem facilidade em criar novos
sons, compor canções e improvisar, eu apostaria todas as minhas fichas de que você tem o lado superior direito do cérebro bem desenvolvido (provavelmente mais do que os demais lados).
Dito isto fica a pergunta: Uma pessoa com estas características e perfil, será que seria tão boa e feliz trabalhando em uma sala de contabilidade sozinha, fazendo cálculos dia após dia e trabalhando com atividades repetitivas e planilhas? Se você entendeu o que eu quero dizer com certeza sua resposta à minha pergunta é PROVAVELMENTE NÃO (assim com letras maiúsculas mesmo,
para ficar bem claro).
Agora pense o seguinte. Se esta pessoa pudesse viver daquilo que ela mais ama fazer, qual profissão você acha que ela escolheria? Se ela pudesse trabalhar dia após dia fazendo algo que
tem muita facilidade e de que ama fazer, qual a chance de esta pessoa desenvolver diferenciais competitivos e se tornar uma referência naquilo que faz? Como você imagina que seria o
aprendizado de uma pessoa que está fazendo o que ama fazer, em comparação a outra que está remando completamente contra a maré? Acho que você já entendeu onde quero chegar. Quando iniciamos o processo de aprendizado por Vontade, tendemos a utilizar melhor nossas dominâncias cerebrais e abraçar nosso perfil de inteligência característico. Ao fazer isto naturalmente, aumentamos nossos níveis de atenção, envolvimento, dedicação e curiosidade. O processo de aprendizado fica mais fácil e dinâmico. Que bom seria se todas as pessoas de uma sala de aula estivessem ali por
Vontade. A verdade nua e crua é que não. Na realidade o nível de vontade pode variar bastante por idade e tipo de curso. Via de regra, com base na minha experiência como professor e tendo
tido a oportunidade de ter passado por todas as etapas abaixo, os resultados são mais ou menos o seguinte:
Ao analisar o gráfico acima percebemos algo extremamente relevante: Quanto mais você entende o significado e a importância de algo para você e, principalmente, paga para ter acesso a
este conhecimento, o seu nível de Vontade tende a aumentar.
A questão agora é a seguinte: Se parte das pessoas que estão em uma sala terão interesse natural em aprender, o que fazer para envolver os demais participantes também e, quem sabe,
aumentar ainda mais o percentual de Vontade das pessoas de participar de um curso, aula ou evento com foco no conhecimento?